Olá a todos
Sou a Lúcia de Barcelos, tenho 30 anos e tenho uma doença reumática desde 1998. Sem estar 100% segura, penso que seja sindrome de reiter, pelo menos porque também fui afectada pela conjuntivite e pela uretrite, no entanto, não é fácil chegar a um diagnóstico 100% correcto, até porque as doenças reumáticas são um pouco parecidas. Mas, vou então contar como tudo começou.
No início de Agosto de 1998 um joelho inchou-me bastante, sentia umas dores insuportáveis e quase não o dobrava, principalmente de manhã e durante a noite, se começasse a andar melhorava bastante, pelo menos a mobilidade. Fui ao hospital, viram se era líquido no joelho e não era, fiz análises e nada, fizeram raiosX e... nada, mandaram-me para casa com Brufen. Passados uns dias tinha os mesmos sintomas no outro joelho, novamente hospital e os mesmos procedimentos e... nada, para casa com Brufen. Passados outros dias os mesmos sintomas num tornozelo, mas aí já era mais horrível pois quase não conseguia apoiar o pé no chão e o osso do tornozelo nem se via, de tal forma que ele estava inchado. Não preciso de dizer que o hospital teve os mesmos procedimentos e vim pra casa com Brufen. Passados outros dias, mais precisamente no dia 5 de Setembro, o outro tornozelo também, e alguns dedos das mãos, foi horrível, quando eu acordei estava sozinha em casa e queria ir à casa de banho e não conseguia levantar-me nem andar, tive de ir a rastejar. Foi o desmoronar dos sonhos de uma jovem de 20 anos que se via a ficar inválida e aterrorizada. Chamei a ambulância e nesse dia fiquei internada em observações, limitada a uma cadeira de rodas, era um tormento cada vez que queria ir à casa de banho, arranjaram-me uma cadeira especial para essas necessidades, e tomar banho amarrada a um varão era uma aventura, simplesmente não dava jeito para nada. Os dias iam passando, eu sempre na mesma, a medicação não fazia nada, eu cada vez mais deprimida. Entretanto comecei a ganhar mobilidade, talvez porque eles tenham acertado na medicação, nessa altura estava a tomar valium e andava mais animadita e comecei a ver a luz ao fundo do túnel, já tomava banho sem problema e até ajudava as auxiliares a fazer as camas. Sempre que perguntava à médica o que tinha ela dizia que não sabia, nada era certo. No dia 25 de Setembro tive alta, estava a tomar Zantac, colchicine houdé e um protector do estômago que já nem me lembro do nome. Nesse dia disse-me que supostamente eu tinha sindrome de reiter e que era uma doença crónica e isso foi dificil de ouvir. A médica do hospital que me seguiu (clinica geral) marcava consultas comigo quinzenalmente no hospital, quando ela estivesse de serviço e lá me ia analizando, fazendo análises, vendo a progressão, até ao dia que me enviou para a reumatologia do S.João no Porto (passado quase um ano) e nunca mais quis saber de mim. Quando fui à consulta do S.João, não gostei nada, já nem me lembro do nome dela (e ainda bem senão ia denegrir a imagem dela), apenas fui a duas consultas e não mais lá voltei, e ela disse que o que eu tinha era artrite reumatóide. A dita senhora era brusca, antipática e ainda por cima reduziu-me o lepicortinolo de 40mg para 10mg de um dia para o outro e tirou-me o protector do estômago. Conclusão, comecei a vomitar depois de tomar o pequeno almoço, as articulações começaram a ficar mais rígidas e a dor aumentou. Ainda experimentei outra especialista em Barcelos, que também me disse que era artrite reumatóide, mas também não me agradou pois o meu colesterol estava a 280 e ela mandou fazer uma dieta, mas, os alimentos que ela me disse para evitar, eu não os comia, além disso não vi melhoras nem esclarecimentos. Andei uns tempo assim desorientada, pedia as receitas ao médico de família e andava assim, quando tinha uma crise mais aguda tomava Rosilan e aguentava-me. Até já estive mais de um ano sem medicamentos, tomava um xarope que a minha mãe faz à base de aloé vera, aquele cacto milagroso, tem um sabor horrível, mas faz milagres.
Até ao dia que me falaram do Dr Aroso Dias e tudo mudou. Este senhor mudou a minha vida e a forma como eu vejo a minha doença. Ele é dedicado, simpático, brincalhão, interessado... aquilo que eu precisava. Ele disse-me que o que eu tinha era sindrome de reiter, mas ao contrário dos outros, explicou-me tudo sobre isso e justificou o porquê de não ser artrite reumatóide. Além de que eu tinha tido (antes de me aparecer a artrite) uma conjuntivite e uma uretrite. Devo muita coisa a este senhor, se não fosse ele... além de que ele não marca a próxima consulta, ele diz que eu é que sei quando preciso de lá ir e que se lá não for é sinal que ando bem. Hoje, com 30 anos, até posso dizer que agradeço ter esta doença para ter o prazer de conhecer pessoa tão dedicada ao que faz e às pessoas que lá vão. Esta doença mudou-me como pessoa. Foi frustrante não conseguir apertar um botão, um fecho de umas calças, fechar uma torneira, escrever, descascar uma batata, e ainda ver pessoas a queixarem-se porque partiram uma unha... tanta coisa que eu não conseguia fazer, no entanto, hoje em dia, tirando umas dorzitas (que já aprendi a aguentar e até conviver com elas), posso dizer que faço quase tudo, ando de bicicleta até, às vezes custa-me ir com o pé à embraiagem, tenho de o levar com a mão, mas comparado com o que já passei, acho que ando muito bem. Virei-me muito para Deus e cada vez mais tenho a certeza que ele existe e que me acompanha neste percurso. Esta doença serviu para me tornar uma pessoa melhor e, por isso, só posso agradecer. Temos de ver as coisas positivas. Entretanto já fui mãe de uma menina de 17 meses, mas já falei disso num outro tópico aqui, e como já me estou a alongar muito, o melhor é parar, hehehe
Fico grata pela existência deste local onde podemos partilhar muita coisa e ajudar-nos mutuamente.
Beijinhos
Sou a Lúcia de Barcelos, tenho 30 anos e tenho uma doença reumática desde 1998. Sem estar 100% segura, penso que seja sindrome de reiter, pelo menos porque também fui afectada pela conjuntivite e pela uretrite, no entanto, não é fácil chegar a um diagnóstico 100% correcto, até porque as doenças reumáticas são um pouco parecidas. Mas, vou então contar como tudo começou.
No início de Agosto de 1998 um joelho inchou-me bastante, sentia umas dores insuportáveis e quase não o dobrava, principalmente de manhã e durante a noite, se começasse a andar melhorava bastante, pelo menos a mobilidade. Fui ao hospital, viram se era líquido no joelho e não era, fiz análises e nada, fizeram raiosX e... nada, mandaram-me para casa com Brufen. Passados uns dias tinha os mesmos sintomas no outro joelho, novamente hospital e os mesmos procedimentos e... nada, para casa com Brufen. Passados outros dias os mesmos sintomas num tornozelo, mas aí já era mais horrível pois quase não conseguia apoiar o pé no chão e o osso do tornozelo nem se via, de tal forma que ele estava inchado. Não preciso de dizer que o hospital teve os mesmos procedimentos e vim pra casa com Brufen. Passados outros dias, mais precisamente no dia 5 de Setembro, o outro tornozelo também, e alguns dedos das mãos, foi horrível, quando eu acordei estava sozinha em casa e queria ir à casa de banho e não conseguia levantar-me nem andar, tive de ir a rastejar. Foi o desmoronar dos sonhos de uma jovem de 20 anos que se via a ficar inválida e aterrorizada. Chamei a ambulância e nesse dia fiquei internada em observações, limitada a uma cadeira de rodas, era um tormento cada vez que queria ir à casa de banho, arranjaram-me uma cadeira especial para essas necessidades, e tomar banho amarrada a um varão era uma aventura, simplesmente não dava jeito para nada. Os dias iam passando, eu sempre na mesma, a medicação não fazia nada, eu cada vez mais deprimida. Entretanto comecei a ganhar mobilidade, talvez porque eles tenham acertado na medicação, nessa altura estava a tomar valium e andava mais animadita e comecei a ver a luz ao fundo do túnel, já tomava banho sem problema e até ajudava as auxiliares a fazer as camas. Sempre que perguntava à médica o que tinha ela dizia que não sabia, nada era certo. No dia 25 de Setembro tive alta, estava a tomar Zantac, colchicine houdé e um protector do estômago que já nem me lembro do nome. Nesse dia disse-me que supostamente eu tinha sindrome de reiter e que era uma doença crónica e isso foi dificil de ouvir. A médica do hospital que me seguiu (clinica geral) marcava consultas comigo quinzenalmente no hospital, quando ela estivesse de serviço e lá me ia analizando, fazendo análises, vendo a progressão, até ao dia que me enviou para a reumatologia do S.João no Porto (passado quase um ano) e nunca mais quis saber de mim. Quando fui à consulta do S.João, não gostei nada, já nem me lembro do nome dela (e ainda bem senão ia denegrir a imagem dela), apenas fui a duas consultas e não mais lá voltei, e ela disse que o que eu tinha era artrite reumatóide. A dita senhora era brusca, antipática e ainda por cima reduziu-me o lepicortinolo de 40mg para 10mg de um dia para o outro e tirou-me o protector do estômago. Conclusão, comecei a vomitar depois de tomar o pequeno almoço, as articulações começaram a ficar mais rígidas e a dor aumentou. Ainda experimentei outra especialista em Barcelos, que também me disse que era artrite reumatóide, mas também não me agradou pois o meu colesterol estava a 280 e ela mandou fazer uma dieta, mas, os alimentos que ela me disse para evitar, eu não os comia, além disso não vi melhoras nem esclarecimentos. Andei uns tempo assim desorientada, pedia as receitas ao médico de família e andava assim, quando tinha uma crise mais aguda tomava Rosilan e aguentava-me. Até já estive mais de um ano sem medicamentos, tomava um xarope que a minha mãe faz à base de aloé vera, aquele cacto milagroso, tem um sabor horrível, mas faz milagres.
Até ao dia que me falaram do Dr Aroso Dias e tudo mudou. Este senhor mudou a minha vida e a forma como eu vejo a minha doença. Ele é dedicado, simpático, brincalhão, interessado... aquilo que eu precisava. Ele disse-me que o que eu tinha era sindrome de reiter, mas ao contrário dos outros, explicou-me tudo sobre isso e justificou o porquê de não ser artrite reumatóide. Além de que eu tinha tido (antes de me aparecer a artrite) uma conjuntivite e uma uretrite. Devo muita coisa a este senhor, se não fosse ele... além de que ele não marca a próxima consulta, ele diz que eu é que sei quando preciso de lá ir e que se lá não for é sinal que ando bem. Hoje, com 30 anos, até posso dizer que agradeço ter esta doença para ter o prazer de conhecer pessoa tão dedicada ao que faz e às pessoas que lá vão. Esta doença mudou-me como pessoa. Foi frustrante não conseguir apertar um botão, um fecho de umas calças, fechar uma torneira, escrever, descascar uma batata, e ainda ver pessoas a queixarem-se porque partiram uma unha... tanta coisa que eu não conseguia fazer, no entanto, hoje em dia, tirando umas dorzitas (que já aprendi a aguentar e até conviver com elas), posso dizer que faço quase tudo, ando de bicicleta até, às vezes custa-me ir com o pé à embraiagem, tenho de o levar com a mão, mas comparado com o que já passei, acho que ando muito bem. Virei-me muito para Deus e cada vez mais tenho a certeza que ele existe e que me acompanha neste percurso. Esta doença serviu para me tornar uma pessoa melhor e, por isso, só posso agradecer. Temos de ver as coisas positivas. Entretanto já fui mãe de uma menina de 17 meses, mas já falei disso num outro tópico aqui, e como já me estou a alongar muito, o melhor é parar, hehehe
Fico grata pela existência deste local onde podemos partilhar muita coisa e ajudar-nos mutuamente.
Beijinhos