Cláudia: "mas considero-a muito difícil, principalmente socialmente".
Quero fazer-lhe uma pergunta muito simples: a espondilite deixa-a ter uma vida social? Se deixa, aproveite porque a espondilite evolui. Eu deixei de ter vida social há muitos anos. Repare que eu estive acamada mais de três anos com dores durante todo o dia e toda a noite, todos os dias. Quando a espondilite evolui não temos mais vida, quanto mais social. A dor é a nossa vida social, emocional e até familiar como foi o meu caso. A espondilite tirou-me tudo, mas acho que já disse isto.
Eu não queria fazer esta dieta porque não acreditava nela. Mas estava em casa sozinha com as minhas dores crónicas que uns dias estavam fortes outros dias eram insuportáveis. A Susana perguntou-me o que é que eu tinha a perder e eu achei que ela tinha razão. A perder não tinha nada.
Neste verão comecei a andar. Já faço a minha higiene sem a preciosa ajuda da minha Berta. A Berta é a minha empregada. Ela tem sido a minha família, o meu apoio, a minha amiga. Tem sido a minha verdadeira "vida social" porque com a evolução da espondilite a outra "vida social" acaba.
Não estou com isto a querer assustar.É a realidade. Acho que a Cláudia devia, como todos as pessoas com esta doença, fazer a dieta com vontade. Sem desistir. Já está a dizer que se calhar não resulta porque é HLA B27 negativo. Eu também sou. Fiz e repeti as análises clínicas várias vezes. E a dieta está a resultar comigo. Os resultados demoraram a aparecer mas eu não desisti e agora tenho o meu prémio. A sorte grande ou o euromilhões, como queiram.
Mas esta dieta tem que ser feita com determinação. Não se consegue receber o prémio se não se fizer a dieta com muita determinação, vontade de vencer. Eu fiz como a Susana fez e me disse para fazer. Durante três meses só comi carne, peixe e vegetais. Bolo de amêndoa e coco. Muito mel e geleia real. Tomei alguns suplementos como o cálcio, o potássio, o magnésio e a garra do diabo. Deixei os meus medicamentos quase todos porque tinham amido na sua composição. Eu não estou a dizer para fazerem o mesmo, em relação com os medicamentos. Alguns são perigosos se deixados de tomar de repente. Desses eu tomava cortizona, anti-depressivo e o ansiolítico. O anti-depressivo e o ansiolítico não têm amido por isso mantive. A cortisona fui tirando aos poucos com a ajuda da minha médica de família que é incansável e mesmo não acreditando na dieta resolveu tentar comigo.
Deixar a medicação fez com que as dores fossem ainda mais fortes nos primeiros tempos. Mas a Susana descobriu um analgésico muito bom sem amido e uma pomada que ajuda muito nas dores. Foi só o que eu tomei e é o que eu tomo agora que quase não preciso disso.
Ritinha obrigada pelas suas palavras. Pelo que eu entendi também está no início não é? Força que vai conseguir. Não desista e não faça batota. Porque depois culpa a dieta e a culpa é somente sua. Nós não sabemos mas a Ritinha saberá sempre e essa será a sua pena.
É triste que a dieta não seja a solução para todos. Há pessoas a quem a dieta não ajuda. Mas todos os que não tentam são como se fossem quase criminosos porque os que fizeram a dieta com determinação e vontade e não conseguiram dariam tudo para estarem no lugar dessas pessoas.
Obrigada
Paula Marques