Já me fiz esta pergunta milhares de vezes: Porquê eu?
Olá a todos. O meu nome é Mário, tenho actualmente 40 anos e sou doente espondílitico. Não venho aqui tentar marcar qualquer diferença nem tão pouco contar a história da minha vida, mas sinto que aqui é dos poucos locais onde eventualmente serei "ouvido" e eventualmente, compreendido. Sou profissional na área da segurança privada e "descobri" oficialmente ser portador da doença mais ou menos aos 33 anos, situação que, como devem calcular, actualmente causa-me bastante embaraço. Contudo, já tenho os sintomas desde pelo menos os 19 anos de idade, à semelhança de muitos outros casos aqui relatados, em que o diagnóstico é tardio. Joguei futebol e basquete em clubes de formação como iniciado. Pratiquei surf, ténis, pingue-pongue, sei lá. Era aquele tipo de jovem que se podia chamar de viciado em desporto. Tudo o que envolvesse exercicio físico, lá estava eu. Cumpri serviço militar na Armada durante 18 meses ainda no tempo em que tal era obrigatório. Um dia, ainda durante o serviço militar, queixei-me de dores numa virilha e lá fui a uma consulta no Hospital da Marinha. O diagnóstico foi "... falta de ferro...", tendo-me sido recomendado que comesse "...mais alface e iscas...". Com tantas peripécias, como já "disse" anteriormente, acabei por confirmar o meu estado clínico por intermédio da melhor de todas as ferramentas da actualidade: a internet. Acho que já passei por todo o tipo de frustrações, desde comentários do tipo: "...parece que tem a direcção desalinhada..."; "...Epá, o que tens? Cada vez estás mais marreco...", enfim, chorei a minha quota parte. Este fim de semana, assisti ao meu pai chorar baba e ranho (se me é permitida a expressão), ao recordar-se de como eu era fisicamente, antes de ver como a doença conquistou tanto terreno. Eu também chorei. Estou mais baixo do que ele e eu era o mais alto.
Hoje sou pai de um maravilhoso menino de 4 anos. A minha maior frustação? Pegá-lo ao colo porque ele me pede e depois ter que o colocar imediatamente no chão, por causa das dores. Sou associado da ANEA, onde encontro algum apoio e aconselhamento. Os profissionais ali presentes são incansáveis, acreditem. Até há uns tempos atrás, o meu estado era relativamente tolerável graças a um analgésico de nome "Arcoxia", mas há mais ou menos 3 meses atrás, surgiu-me uma dor "enervante" e "perseguidora" na anca esquerda, de tal forma que nunca mais me largou, o que fez com que definitivamente iniciasse os tais exercicios fisicos necessários. Hoje coxeio. Com o passar do tempo e com alguma "coragem", comecei a revelar às pessoas a minha doença, mesmo porque já é um pouco dificil esconder... Uns gozaram, outros sentiram pena. Não sei qual das situações me fizeram sentir mais desconfortável... Há uns tempos atrás, soube que esta é uma doença com rara incidência em individuos de raça negra. Pois...
O meu maior medo? Perder emprego devido ao erro pronunciado de postura, porque na minha profissão a presença quer dizer muito...
Enquanto escrevia este meu relato, lembrei-me de muitos outros idênticos e particularmente o de uma jovem de 22 anos com um futuro super promissor pela frente, que foi travado por esta doença e que ainda hoje recordo com lágrimas nos olhos e pergunto: PORQUÊ?...
Bem, Não aborreço mais. Tentei manter-me o mais distanciado possivel da "lamechice", para que pudesse contribuir com todos de uma forma racional.
Muito obrigado a quem criou este fórum e um maior obrigado a quem partilha e permite a partilha. Bem hajam.
P.S.Para terminar, convém perguntar: Porque demora tanto tempo a sair uma cura?
Olá a todos. O meu nome é Mário, tenho actualmente 40 anos e sou doente espondílitico. Não venho aqui tentar marcar qualquer diferença nem tão pouco contar a história da minha vida, mas sinto que aqui é dos poucos locais onde eventualmente serei "ouvido" e eventualmente, compreendido. Sou profissional na área da segurança privada e "descobri" oficialmente ser portador da doença mais ou menos aos 33 anos, situação que, como devem calcular, actualmente causa-me bastante embaraço. Contudo, já tenho os sintomas desde pelo menos os 19 anos de idade, à semelhança de muitos outros casos aqui relatados, em que o diagnóstico é tardio. Joguei futebol e basquete em clubes de formação como iniciado. Pratiquei surf, ténis, pingue-pongue, sei lá. Era aquele tipo de jovem que se podia chamar de viciado em desporto. Tudo o que envolvesse exercicio físico, lá estava eu. Cumpri serviço militar na Armada durante 18 meses ainda no tempo em que tal era obrigatório. Um dia, ainda durante o serviço militar, queixei-me de dores numa virilha e lá fui a uma consulta no Hospital da Marinha. O diagnóstico foi "... falta de ferro...", tendo-me sido recomendado que comesse "...mais alface e iscas...". Com tantas peripécias, como já "disse" anteriormente, acabei por confirmar o meu estado clínico por intermédio da melhor de todas as ferramentas da actualidade: a internet. Acho que já passei por todo o tipo de frustrações, desde comentários do tipo: "...parece que tem a direcção desalinhada..."; "...Epá, o que tens? Cada vez estás mais marreco...", enfim, chorei a minha quota parte. Este fim de semana, assisti ao meu pai chorar baba e ranho (se me é permitida a expressão), ao recordar-se de como eu era fisicamente, antes de ver como a doença conquistou tanto terreno. Eu também chorei. Estou mais baixo do que ele e eu era o mais alto.
Hoje sou pai de um maravilhoso menino de 4 anos. A minha maior frustação? Pegá-lo ao colo porque ele me pede e depois ter que o colocar imediatamente no chão, por causa das dores. Sou associado da ANEA, onde encontro algum apoio e aconselhamento. Os profissionais ali presentes são incansáveis, acreditem. Até há uns tempos atrás, o meu estado era relativamente tolerável graças a um analgésico de nome "Arcoxia", mas há mais ou menos 3 meses atrás, surgiu-me uma dor "enervante" e "perseguidora" na anca esquerda, de tal forma que nunca mais me largou, o que fez com que definitivamente iniciasse os tais exercicios fisicos necessários. Hoje coxeio. Com o passar do tempo e com alguma "coragem", comecei a revelar às pessoas a minha doença, mesmo porque já é um pouco dificil esconder... Uns gozaram, outros sentiram pena. Não sei qual das situações me fizeram sentir mais desconfortável... Há uns tempos atrás, soube que esta é uma doença com rara incidência em individuos de raça negra. Pois...
O meu maior medo? Perder emprego devido ao erro pronunciado de postura, porque na minha profissão a presença quer dizer muito...
Enquanto escrevia este meu relato, lembrei-me de muitos outros idênticos e particularmente o de uma jovem de 22 anos com um futuro super promissor pela frente, que foi travado por esta doença e que ainda hoje recordo com lágrimas nos olhos e pergunto: PORQUÊ?...
Bem, Não aborreço mais. Tentei manter-me o mais distanciado possivel da "lamechice", para que pudesse contribuir com todos de uma forma racional.
Muito obrigado a quem criou este fórum e um maior obrigado a quem partilha e permite a partilha. Bem hajam.
P.S.Para terminar, convém perguntar: Porque demora tanto tempo a sair uma cura?